- REFLEXÃO SOBRE GESTÃO ESCOLAR
A palavra “gestão” tem sua origem etimológica ligada ao ato de administrar ou gerenciar, referindo-se à coordenação e organização de recursos, tarefas e processos. Entretanto, no contexto da educação, a gestão escolar assume um significado mais profundo e amplo. Ela não se limita apenas à administração de bens materiais, horários, funcionários ou questões burocráticas. A gestão escolar envolve uma abordagem estratégica, intencional e reflexiva, voltada para o desenvolvimento integral dos indivíduos e da comunidade escolar. Um dos principais objetivos da gestão escolar é a emancipação dos sujeitos que dela participam, sejam eles estudantes, professores ou demais colaboradores. Esse processo de emancipação não significa apenas adquirir conhecimentos técnicos ou acadêmicos, mas também desenvolver a capacidade crítica, o protagonismo e a autonomia dos envolvidos. A gestão escolar eficaz busca formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, capazes de agir e interagir de forma ativa e transformadora na sociedade em que estão inseridos (COSTA; NASCIMENTO, 2022).
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), mencionam que as escolas são organizações, mas com a característica principal de interação de pessoas na busca da formação humana, ou seja, é um ambiente propício para o relacionamento social objetivando a efetivação do aprendizado escolar.
A gestão escolar está relacionada ao gerenciamento tanto dos recursos materiais quanto humanos, com foco no planejamento eficiente das atividades, na distribuição adequada de responsabilidades e funções, e na manutenção de relações de trabalho harmoniosas, tanto hierárquicas quanto interpessoais. A gestão escolar inclui a criação de um ambiente colaborativo, onde o poder e as decisões são compartilhados de forma estratégica, promovendo uma participação mais democrática dentro da escola. Dessa forma, a gestão não apenas mantém a escola funcionando, mas também estabelece as bases para uma prática educacional mais inclusiva, eficiente e inovadora, sempre em consonância com os objetivos pedagógicos e sociais da instituição (BRESSAN, 2023).
- GESTÃO DEMOCRÁTICA
Costa e Nascimento (2022), explicam que gerenciar uma escola é distinto de administrar outras organizações, pois a escola possui uma finalidade única: a formação educacional. Além disso, conta com uma estrutura pedagógica específica e exige a construção de relações internas e externas. Dessa forma, a gestão escolar precisa estar fundamentada na participação ativa de todo o corpo docente e da comunidade, promovendo a colaboração de todos em prol de objetivos e finalidades únicas para o benefício da coletividade no processo educacional.
Andrade, Campos e Costa (2021), afirmam que no século XXI, o papel da liderança assume novas dimensões, exigindo um estilo de líder que vá além do tradicional. Esse novo líder deve ser um articulador habilidoso, capaz de conectar diferentes interesses e promover o diálogo entre os diversos atores da comunidade escolar. Sua atuação não se limita a tomar decisões isoladas; ele precisa ser participativo, envolvendo-se ativamente nas dinâmicas cotidianas e ouvindo as necessidades e aspirações de todos, desde alunos até professores, funcionários e pais.
A Gestão Democrático-participativa no contexto educacional é um modelo administrativo que promove a inclusão e o envolvimento coletivo em todas as fases do processo escolar, abrangendo tanto o ensino quanto a aprendizagem. Esse modelo valoriza a participação ativa de toda a comunidade escolar, sendo fundamental para a construção de uma educação mais inclusiva e alinhada às necessidades dos alunos. Para ser verdadeiramente democrática, a gestão deve garantir a ampla e contínua participação de pais, alunos, professores e funcionários, especialmente nas decisões sobre o planejamento pedagógico e estratégias educacionais (OLIVEIRA; SOUSA; SILVA, 2021).
Dourado (2007) afirma que a gestão democrática é mais do que uma simples prática educacional; ela é um processo contínuo de aprendizado e uma luta política que ultrapassa as fronteiras da autonomia escolar. Nesse contexto, a gestão democrática abre caminhos para a criação de canais de participação efetiva, possibilitando que os envolvidos aprendam a atuar dentro do “jogo” democrático. Além disso, essa prática permite questionar e transformar as estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais, influenciando diretamente as dinâmicas educativas e fortalecendo a participação consciente e crítica.
Cury (2002), ressalta que a gestão democrática está diretamente relacionada ao princípio constitucional da educação como um direito de todos e um dever do Estado. Nesse sentido, ela é um instrumento que possibilita a concretização de uma educação pública de qualidade, promovendo a justiça social e o fortalecimento da cultura democrática. Ele destaca que, para ser efetiva, a gestão democrática deve contar com mecanismos institucionais, como conselhos escolares, assembleias e eleições para cargos de direção, que permitam uma real participação da comunidade na tomada de decisões e na definição dos rumos da escola.
Doretto (2022), relata que a Gestão Democrática nas escolas públicas, ao envolver a participação ativa de pais, professores, alunos e funcionários, é muitas vezes vista como uma espécie de “utopia” — um ideal que parece distante ou difícil de alcançar. No entanto, o fato de ser considerado uma utopia não significa que seja impossível. Pelo contrário, essa visão aponta para algo desejável e necessário, que deve ser buscado como um objetivo coletivo. A gestão democrática é essencial para a resolução de problemas no ambiente escolar, pois promove uma tomada de consciência por parte de todos os envolvidos. Essa consciência é o primeiro passo rumo à democratização efetiva da escola, garantindo que as decisões sejam tomadas de maneira participativa, transparente e justa. Em vez de ser apenas um conceito teórico, essa forma de gestão tem o potencial de transformar a realidade escolar ao incentivar a cooperação entre os diferentes segmentos da comunidade.
Libâneo (2018) enfatiza que a participação é o pilar central para assegurar uma gestão verdadeiramente democrática na escola, pois permite o envolvimento ativo de toda a comunidade escolar no processo de tomada de decisões e na organização da instituição. Através da participação, pais, alunos, professores e funcionários têm a oportunidade de contribuir com suas ideias, experiências e demandas, o que resulta em uma gestão mais plural, transparente e coletiva. Promover essa participação não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade fundamental para que a escola funcione de maneira inclusiva e democrática. Quando todos os sujeitos envolvidos no processo educativo — incluindo a comunidade local — são convidados a fazer parte das discussões e decisões, a escola passa a refletir as necessidades reais e os anseios coletivos de seus integrantes. Isso fortalece o vínculo entre a escola e sua comunidade, além de criar um ambiente mais acolhedor e respeitoso, onde as diferenças são reconhecidas e valorizadas.
O artigo 14 da Lei n° 9.394/1996 que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que os sistemas de ensino devem criar normas específicas para promover o desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de educação básica. Essas normas precisam atender a dois princípios fundamentais. Primeiro, devem respeitar as peculiaridades de cada sistema de ensino, considerando as características regionais, culturais e sociais de cada contexto escolar, assegurando que a gestão se adapte às necessidades locais sem perder de vista os objetivos educacionais nacionais. Em segundo lugar, as normas devem garantir a participação ativa dos profissionais da educação na elaboração e implementação do projeto pedagógico da escola. Esse aspecto é pertinente, pois envolve diretamente professores, coordenadores, diretores e outros agentes educacionais no processo de tomada de decisões sobre as direções pedagógicas que a escola deve seguir. Quando os profissionais da educação participam ativamente desse processo, eles trazem suas experiências, conhecimentos e entendimentos das necessidades dos alunos, contribuindo para um projeto pedagógico mais coerente e adequado à realidade da comunidade escolar (BRESSAN, 2023).
O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, estabelece diretrizes claras para a promoção de uma gestão democrática nos sistemas de ensino em todo o país. O PNE reafirma a importância da participação coletiva e do fortalecimento da democracia no ambiente escolar, com a intenção de tornar as escolas públicas mais inclusivas e alinhadas às necessidades da comunidade. No artigo 9º, o PNE impõe aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a obrigação de aprovar leis que disciplinem a implementação da gestão democrática em seus respectivos sistemas de ensino. Isso significa que cada ente federativo deve desenvolver e regulamentar mecanismos que garantam a participação ativa de todos os setores da comunidade escolar — incluindo professores, alunos, pais e funcionários — no processo decisório e na organização pedagógica das escolas. Dessa forma, busca-se adaptar a gestão às particularidades locais, respeitando as diferenças regionais, mas sempre mantendo o compromisso com os princípios democráticos. Além disso, a meta 19 do PNE reforça essa intenção ao estabelecer estratégias específicas para assegurar a efetivação da gestão democrática. A meta prevê a criação de instrumentos legais e políticas públicas que incentivem a participação de todos os agentes envolvidos no contexto escolar, promovendo conselhos escolares atuantes, eleições para cargos de gestão e a transparência nos processos administrativos e pedagógicos. As estratégias vinculadas à meta 19 visam consolidar uma cultura de corresponsabilidade e cooperação, onde a comunidade escolar e a sociedade civil tenham voz ativa na condução das escolas públicas. Essa meta também reconhece que a gestão democrática é um dos pilares para a melhoria da qualidade da educação. Ao promover uma cultura de participação e diálogo, cria-se um ambiente mais propício para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e para a resolução conjunta de problemas. Assim, o envolvimento de diferentes grupos da comunidade escolar contribui diretamente para o sucesso do projeto educativo, tornando a escola um espaço mais democrático, transparente e eficiente (BRASIL, 2014).
Lück (2008 apud SILVA; PAIVA, 2021) descreve cinco formas de participação no contexto escolar:
- A primeira é a participação como presença, onde as pessoas se tornam participantes apenas por estarem fisicamente presentes, ainda que por obrigação, sem contribuir ativamente, o que pode gerar comodismo.
- A segunda forma é a participação como expressão verbal e discussão, em que há espaço para a manifestação de opiniões e troca de ideias. No entanto, muitas vezes, esses debates são limitados, pois as decisões já estão previamente definidas.
- A terceira é a participação como representação política, que ocorre por meio de representantes escolhidos, como em conselhos escolares, associações de pais e mestres, e grêmios estudantis. Esses representantes expressam os ideais, valores e direitos da comunidade.
- A quarta forma é a participação como tomada de decisão, onde os envolvidos compartilham o poder e as responsabilidades, buscando soluções e transformações no ambiente escolar.
- Por fim, a participação como engajamento envolve um comprometimento maior, onde os indivíduos se dedicam ativamente aos processos escolares, assumindo responsabilidades para alcançar os resultados desejados.
A gestão democrática nas escolas é sustentada por elementos essenciais, como a participação, a autonomia, a transparência e a pluralidade, que juntos promovem uma escolar mais inclusiva e colaborativa. A participação é fundamental, pois garante que todos os membros da comunidade escolar — pais, alunos, professores e funcionários — possam se envolver ativamente nos processos decisórios. A autonomia permite que a escola tenha liberdade para adaptar suas práticas pedagógicas e administrativas de acordo com as necessidades e especificidades de sua comunidade. A transparência assegura que todas as ações e decisões sejam claras e acessíveis, fortalecendo a confiança entre a escola e a comunidade. Por fim, a pluralidade reconhece e valoriza a diversidade de ideias, culturas e perspectivas, garantindo um ambiente educacional que respeite as diferenças e promova a inclusão. Os instrumentos de ação que viabilizam essa gestão democrática são as instâncias de deliberação direta e indireta, como os conselhos escolares e suas equivalentes. Esses espaços de diálogo são fundamentais para o debate, a construção coletiva e a elaboração de uma identidade escolar que reflita os valores e as necessidades de todos os envolvidos. Através desses conselhos, a comunidade escolar pode colaborar na criação de projetos pedagógicos, definir metas e acompanhar o desenvolvimento da escola, assegurando uma participação efetiva (BERTOLASSI; SILVA, 2021; BRASIL, 2018).
É responsabilidade da equipe gestora criar espaços que favoreçam a participação ativa, promovendo um ambiente de confiança mútua e respeito, onde todos possam expressar suas ideias e opiniões. Dessa forma, é possível alcançar consensos e assumir coletivamente a responsabilidade pelos resultados obtidos. Além disso, a gestão deve fomentar uma cultura colaborativa, incentivando e articulando a participação de todos os segmentos da comunidade escolar no processo de tomada de decisões, bem como no acompanhamento e avaliação das ações e projetos desenvolvidos pela escola (BRASIL, 2018).
- INFRAESTRUTURA ESCOLAR
O planejamento de uma unidade escolar deve ter como ponto central o aluno e sua constante necessidade de desenvolvimento. Nesse contexto, a criação e organização do espaço escolar precisam levar em conta uma variedade de fatores que promovam um ambiente propício ao aprendizado. Isso inclui a garantia de espaços seguros, bem iluminados e adequados às diferentes atividades pedagógicas. A infraestrutura escolar deve ser projetada para estimular o desenvolvimento integral dos estudantes, assegurando que o ambiente físico contribua ativamente para a experiência educacional, facilitando tanto a concentração quanto a interação entre alunos e professores. Assim, o espaço escolar torna-se um elemento fundamental na promoção de um aprendizado eficaz e inclusivo (ANDRADE; CAMPOS; COSTA, 2021, p. 162-163).
Uma infraestrutura escolar adequada é importante para proporcionar um ambiente confortável e acolhedor, favorecendo o desenvolvimento integral e o aprendizado dos alunos. Espaços bem ventilados, iluminados e mobiliário ergonômico aumentam a motivação e o engajamento, além de promoverem o bem-estar físico e emocional. Também facilita o acesso a recursos pedagógicos diversificados, como laboratórios e áreas de lazer, enriquecendo o processo educacional. A acessibilidade garante a inclusão de todos os estudantes, e a manutenção de ambientes limpos e seguros contribui para a saúde, incentivando o equilíbrio entre estudo e recreação (OLIVEIRA; BEZERRA; MACIEL, 2019).
Os insumos escolares são essenciais para melhorar os resultados educacionais, especialmente em contextos marcados por desigualdades socioeconômicas. Embora seu impacto possa ser reduzido devido às condições sociais adversas, investir em recursos de qualidade, como materiais didáticos e tecnologia, é essencial para auxiliar o funcionamento do processo educacional. Políticas públicas voltadas para a melhoria desses insumos, juntamente com ações para enfrentar desigualdades, são fundamentais para criar um ambiente de aprendizado mais equitativo e eficaz, promovendo melhores oportunidades de ensino e aprendizado para todos os alunos (MONTEIRO; SILVA, 2015).
A infraestrutura de um ambiente escolar é relevante não apenas por suas características físicas e geométricas, mas também pelas suas dimensões sociais. A boa gestão desse espaço é essencial, e o administrador deve ser capaz de aplicar os recursos disponíveis de forma eficaz. Diante disso, é imprescindível que tanto a infraestrutura quanto o espaço físico escolar sejam alvos de constante observação e melhorias. Conforme Vygotsky afirma, o ser humano se desenvolve em um ambiente social, e a interação com outras pessoas é fundamental para seu crescimento (apud DAVIS; OLIVEIRA, 1993 in BONATTO, 2016). Portanto, a criação de um ambiente escolar que seja estimulante e, ao mesmo tempo, desafiador para que o aluno possa realizar suas atividades acadêmicas de forma plena. Além disso, esse espaço deve promover o desenvolvimento do senso crítico dos estudantes, tornando-se um local que não apenas apoia o aprendizado, mas também incentiva a reflexão e o crescimento pessoal.
- USO DO ESPAÇO EXTERNO
O espaço externo é um lugar de criatividade e que as crianças gostam de se relacionar principalmente se tiver um local onde tenha árvores, grama, bancos de alturas diversas, mesa e que tenha um grande espaço para realizar brincadeiras que não consigam efetivar dentro da sala de aula. As atividades segundo Craidy & Kaercher (2001) necessitam de espaços de interligação, para jogos e brincadeiras tranquilas, espaço para brinquedos de manipulação e de construção, espaço para que consigam realizar jogos de movimento, jogos imitativos, lugar de aventura e imaginação.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil de 2009 não oferecem diretrizes detalhadas sobre os espaços externos das instituições, limitando-se a recomendar que as escolas organizem tempos e espaços que assegurem os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças nos ambientes internos e externos às salas de referência. No entanto, é possível inferir a importância dos espaços externos a partir das orientações gerais presentes em outros artigos. Por outro lado, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil de 2010 abordam de maneira mais direta a importância do contato das crianças com a natureza. Elas destacam a relevância do conhecimento sobre biodiversidade, cuidado e preservação ambiental, ressaltando que experiências no meio natural são essenciais para o desenvolvimento da consciência ecológica desde a infância (SANTOS, 2016).
A importância de se pensar o uso dos espaços externos na educação provoca a reflexão sobre as potencialidades desse espaço. Segundo o DCNEI (2010), quanto a área externa, reafirma o direito da criança ter contato com a natureza, colocando que os “espaços externos bem cuidados, com jardim e área para brincadeiras e jogos, indicam a atenção […] à necessidades das crianças de correr, pular, jogar bola, brincar com areia e água entre outras atividades. Conforme esse documento, é assegurado a criança, o acesso e contato com elementos da natureza, em todas as suas formas e possibilidades. Disponibilizar diferentes espaços na área externa da instituição, possibilita as crianças numerosas formas de interação com o meio.
O parque externo faz parte desse espaço e segundo Agostinho (2003, p.97),
As crianças exploram muito o potencial do parque como espaço para os movimentos amplos e suas possibilidades de lugar de novidades, onde algo inusitado pode acontecer. Nesses espaços não construídos, ao ar livre temos um contato com espaços naturais, o frio, o calor, o vento, as aves, os aviões, chuva e etc; o contato direto com a vizinhança, potencializa as chances de algo ou alguém chegar ou passar.
Para a autora, o parque, com área externa, traz potencialidades ao desenvolvimento da criança. Este ambiente, permite a criança conhecer seu corpo, seus limites, suas dificuldades. Coloca a criança em posição de protagonista de suas decisões, incentivando a autonomia e a capacidade de socialização com crianças de diferentes idades. A autora (2003), ainda expõe a predileção das crianças pelo espaço externo do parque, pois, segundo ela, se torna um espaço “de grande expressão e encontro com a liberdade, nele as crianças encontram a chance […] brincadeira livre, liberdade para movimentos amplos, convívio/confronto com as diferenças, onde o adulto é fugazmente um olhar vigilante” (AGOSTINHO, 2003, p.95).
O contato com a natureza é um direito fundamental das crianças, e devemos proporcionar experiências que enriqueçam esse encontro e favoreçam o desenvolvimento de uma conexão afetiva com o meio ambiente. Estabelecer essa relação permite que as crianças cultivem um sentimento de preservação e cuidado com a natureza, essencial para o equilíbrio da vida. As atividades realizadas na educação infantil têm um impacto duradouro na vida das crianças, e em sua essência, despertam uma consciência ecológica desde essa etapa inicial. Um espaço bem planejado e repleto de oportunidades para o contato com a natureza torna essas experiências mais significativas, ajudando a formar uma base sólida para um futuro sustentável. Assim, essas vivências contribuem para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente (SCALCO, 2016).
Tiriba (2010), irá afirmar que as atividades desenvolvidas em um ambiente externo, ao ar livre e o contato com a terra, a água, areia e outros elementos, possibilitam aprendizagens relacionadas ao estado de espirito, pois traz a sensação de bem-estar nos sujeitos. Explica também que esses espaços podem constituir fontes de sentimento de solidariedade e companheirismo. Um pátio que é de todos, onde cada um pode escolher com quem e com o que deseja brincar.
- A IMPORTÂNCIA DAS INTERAÇÕES
As críticas a seriação são construídas a partir das teorias de Vygotsky (2002), que elevam a importância das relações sociais para o desenvolvimento das crianças, e de diversos autores que entendem o processo de etapas como algo imposto pela sociedade capitalista. Contudo, compreendem que as escolas deveriam ser um lugar onde as crianças fossem ouvidas e entendidas enquanto ser social, que possuem culturas e que devem ter vivências e experiências compartilhadas. “Compreender a infância para além de um recorte etário em espaços privilegiados de relações diversas (de idade, de classe, de etnia, de gênero, etc.) entre crianças da mesma idade e de idades diferentes e suas implicações para a construção de uma Pedagogia que conheça quem são as crianças e o que elas estão produzindo, rompendo com as determinações etapistas e delimitações cronológicas impostas (PRADO, 2006)
Em prol disto, percebe-se que na LDB já foram tratadas questões que regem a importância das relações sociais dentro das escolas, inclusive entre idades diferentes onde a criança é vista “como sujeito histórico e de direitos” (BRASIL, 2009) e que nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
É necessário entender a escola e a sua organização reconhecendo as singularidades de cada criança e promovendo interações entre idades diferentes e assim visando uma educação de qualidade. “A escola caracteriza-se como um dos primeiros locais que deveriam garantir a reflexão sobre a realidade e a iniciação da sistematização do conhecimento socialmente construído. No entanto, se faz necessário dentro das escolas estabelecer momentos de socialização e compartilhamento de experiências. Segundo Martins, a escola de educação infantil de ser um “palco de negociações, onde os alunos podem vivenciar conflitos e discordância buscando acordos sempre mediados pelos parceiros (MARTINS, 1997, p 120)”.
Segundo a perspectiva sócio interacionista, a interação com meio é fundamental para que a criança se desenvolva, é através dela que a criança vai se apropriando da cultura e assim se tornando um ser social, inserido em uma classe social, dentro de uma sociedade, com religiões, crenças e costumes. Entretanto, “a criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que se estabelece, desde cedo, com a experiência sócio histórica dos adultos e do mundo por eles criado (WAJSKOP, 2012)”.
Vygotsky (2002) afirma que é através da interação, seja ela “com seu próprio corpo, com as coisas do ambiente, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. Por isso a importância da interação de diferentes idades na educação infantil, é através dela que a criança se torna protagonista no processo de compreender a linguagem e desenvolver-se socialmente.
As críticas a seriação são construídas a partir das teorias de Vygotsky (2002), que elevam a importância das relações sociais para o desenvolvimento infantil, e de diversos autores que entendem o processo de etapas como algo imposto pela sociedade capitalista. Contudo, compreendem que as escolas deveriam ser um lugar onde as crianças fossem ouvidas e entendidas enquanto ser social, que possuem culturas e que devem ter vivências e experiências compartilhadas.
Compreender a infância para além de um recorte etário em espaços privilegiados de relações diversas (de idade, de classe, de etnia, de gênero, etc.) entre crianças da mesma idade e de idades diferentes e suas implicações para a construção de uma Pedagogia da Educação Infantil que conheça quem são as crianças e o que elas estão produzindo rompendo com as determinações etapistas e delimitações cronológicas impostas (PRADO, 2006).
Em prol disto, percebe-se que na LDB já foram tratadas questões que regem a importância das relações sociais dentro das escolas, inclusive entre idades diferentes onde a criança é vista como sujeito histórico e de direitos e que nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009).
É necessário entender a escola e a sua organização reconhecendo as singularidades de cada criança e promovendo interações entre idades diferentes e assim visando uma educação de qualidade. A escola caracteriza-se como um dos primeiros locais que deveriam garantir a reflexão sobre a realidade e a iniciação da sistematização do conhecimento socialmente construído (MARTINS, 1997). No entanto, se faz necessário dentro das escolas estabelecer momentos de socialização e compartilhamento de experiências.
Segundo a perspectiva sócio interacionista, a interação com meio é fundamental para que a criança se desenvolva, é através dela que a criança vai se apropriando da cultura e assim se tornando um ser social, inserido em uma classe social, dentro de uma sociedade, com religiões, crenças e costumes. Entretanto, a criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que se estabelece, desde cedo, com a experiência sócio histórica dos adultos e do mundo por eles criado (WAJSKOP, 2012).
Vygotsky (2002) afirma que é através da interação, seja ela com seu próprio corpo, com as coisas do ambiente, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. Por isso a importância da interação de diferentes idades na educação infantil, é através dela que a criança se torna protagonista no processo de compreender a linguagem e desenvolver-se socialmente.
- A BRINCADEIRA ENTRE IDADES DIVERSIFICADAS
Em uma perspectiva sócio interacionista de desenvolvimento humano, onde a interação com o meio é essencial, nos faz refletir sobre a educação como uma instituição onde as crianças passam a maior parte de seus dias. No entanto, deve-se ressaltar que, os agrupamentos etários devem ser feitos para romper com imposições etaístas da sociedade.
O momento em que as crianças maiores e menores mais conseguem interagir nas instituições de educação é o da brincadeira. E é por meio dele, em que as crianças interpretam papéis sociais pelos quais ainda não podem participar, através dela eles solucionam problemas, desafios e questões além do seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhe são propostos pelas pessoas e pela realidade pela qual interagem (WAJSKOP, 2012).
O brincar não deve ser considerado um ato espontâneo, que ocorre de maneira natural, ou apenas para passar o tempo, mas assim como nos diz Almeida (1990), deve ser considerado um ato que envolve história, cultura e relações que desenvolvem propósitos.
No entanto, a brincadeira e o faz de conta possibilitam o desenvolvimento das regras e da imaginação. Assim também se constroem relações entre as crianças e os adultos pois, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas no mundo cultural dos adultos. Somente assim criam hipóteses, se colocam em situações nas quais refletem a vida social que estão inseridas e assim trocam experiências e desenvolvem sua imaginação (WAJSKOP, 1995) .
De acordo com a perspectiva sócio interacionista sabemos que a capacidade de desenvolver novos conhecimentos se constrói a partir de trocas de experiências vividas entre o sujeito e o meio em que vive, nos espaços escolares os papeis sócias são representados através das brincadeiras em grupos e assim compartilham vivências.
A brincadeira de faz de conta se constitui num exemplo de uma atividade na qual a criança pode ser vista como se estivesse em um mundo só seu, num mundo fantasia. Mas, estudada em detalhes, ela tem revelado como as crianças estão engajadas umas às outras, construindo e compartilhando significados (WAJSKOP, 1995).
Estas brincadeiras podem ser compartilhadas desde crianças bem pequenas até as maiores, pois a idade não quer dizer capacidade cognitiva ou desenvolvimento cognitivo ou biológico. Segundo Prado (2002), dado que a idade não corresponde a uma variável natural e que a variabilidade de desenvolvimento biológico, psicológico e social nem sempre permite estabelecer uma correspondência coerente entre tamanho, idade e competências […] (PRADO, 2002).
Assim as crianças, além de brincarem juntas ainda se organizam em brincadeira coletivas livres, não se organizam pelas idades ou pelo tamanho, organizam pela experiência social que já vivenciaram. Socializam, desenvolvem valores, competitividade, respeito, solidariedade e aprendem no coletivo que o processo vivido é um papel social. Eles protagonizam suas descobertas na brincadeira e assim desenvolvem a cultura.
Sendo assim, o desafio que está proposto é através destas fundamentações ressaltarem a importância dessas socializações entre idades diferentes e perceber nas escolas se existe estes projetos, ações ou planejamentos ou estes momentos só ocorrem de forma aleatória sem intuito ou forma de acréscimo para o desenvolvimento da criança.
Autor: Nauaf Ismail Moghrabi (2024)